Que métodos de estudo existem e quais são os mais eficazes?

Sara Paiva
Sara Paiva |  
Explicações |  06 fevereiro 2023 |  
19 min. de leitura
métodos de estudo

Ter bons resultados escolares é essencial para garantir um bom futuro. No entanto, nem sempre os resultados correspondem ao esforço que as crianças e adolescentes fazem ao longo do ano. Adotar métodos de estudo eficazes é, sem dúvida, o segredo para ser bem-sucedido.

Todos queremos que os nossos filhos tenham excelentes resultados nos testes e exames, mas como ajudá-los nessa caminhada? A escolha do método e das técnicas de estudo corretos para a criança/adolescente é a resposta certa a essa questão.

Veja aqui quais os métodos e técnicas de estudo que têm tido melhores resultados entre os estudantes e descubra quais os mais adequados para o seu filho/aluno.

Quais os melhores métodos de estudo?

Existem diferentes métodos do estudo, mas alguns têm-se mostrado mais eficazes do que outros. Além da escolha dos métodos de estudo, devemos atender também às técnicas de estudo, as quais devem ser adaptadas sempre ao aluno em questão.

Se uma pessoa é mais auditiva, gravar áudios com a matéria para depois ouvir é uma técnica muito eficaz. Mas se a pessoa é mais visual, deve priorizar tabelas e mapas mentais, por exemplo.

Sendo assim, sempre que vamos adaptar o estudo, devemos levar em consideração os resultados obtidos. Cada aluno é individual e deve ser olhado como tal. Nesse sentido, é fundamental perceber o que está a resultar, e o que não está, para fazermos as alterações apropriadas.

Vejamos agora quais os métodos de estudo que têm obtido melhores resultados entre os alunos.

Método do Estudo Intercalado

O método do estudo intercalado tem sido muito aclamado entre os profissionais de educação e tem obtido excelentes resultados práticos. Este método consiste em intercalar matérias/disciplinas durante o estudo, com tempos a estudar mais curtos.

Cada bloco de tempo determinado para o estudo vai contemplar não apenas uma matéria/disciplina, mas duas ou três.

Este método obtém bons resultados porque obriga o cérebro a “acordar” sempre que muda de matéria ou disciplina. Assim, o aluno consegue manter-se alerta e concentrado por mais tempo.

Além disso, ao intercalarmos matérias/disciplinas, conseguimos trabalhar com os alunos a associação de temas entre uma mesma disciplina e entre disciplinas distintas (trabalhando com eficácia a interdisciplinaridade).

Outra particularidade deste método de estudo é a inclusão de pausas sempre que tiver de estudar uma matéria/disciplina diferente. O objetivo é que o aluno estude uma matéria, faça uma pausa para assimilar a informação e só depois passe para outra matéria/disciplina.

É possível voltar a estudar uma mesma disciplina/matéria no mesmo dia, mas sempre em blocos de estudo intercalados.

Como colocar em prática?

  • Crie um cronograma – Defina quantas horas o aluno tem para estudar por dia, o tempo que vai dedicar a cada uma das disciplinas (dando prioridade àquelas com mais dificuldades), sem esquecer de definir tempo para atividades de lazer e desporto.
  • Defina os ciclos de estudo – Não se deve incluir mais do que cinco matérias/disciplinas por ciclo. O ideal são três matérias/disciplinas por dia. Defina pausas curtas para a mudança de matérias e uma mais longa sempre que mudar de disciplina.
  • Tempo de estudo – Nunca devemos alocar mais do que duas horas de estudo para uma disciplina, mas é importante que se estude, pelo menos, uma hora cada disciplina escolhida para o ciclo de estudo.
  • Escolha das disciplinas – Embora a complementaridade entre as disciplinas seja importante para o estudo intercalado, devemos evitar incluir ciclos seguidos com disciplinas muito semelhantes.

Método da Prática Distribuída

Este método de estudo tem trazido também excelentes resultados. Ele segue a lógica do estudo intercalado, mas em vez de podermos estudar uma disciplina em apenas um ciclo de estudo, na prática distribuída (ou prática espaçada) o objetivo é estudar uma disciplina várias vezes por dia, mas em blocos intercalados, com intervalos longos entre cada uma das sessões de estudo.

Uma característica importante deste método de estudo é que as sessões de estudo são mais curtas e distribuídas ao longo do tempo. O objetivo é não colocar o cérebro em demasiada tensão (como acontece quando estudamos tudo num único dia).

A ideia é colocar em prática a aprendizagem contínua, com sessões curtas de estudo, revendo a matéria estudada numa determinada disciplina e adquirindo novas informações.

Tendo esta regra sempre em mente, em cada sessão de estudo devemos praticar a recordação ativa, ou seja, pedimos para que o aluno se tente lembrar da matéria que estudou na sessão de estudos anterior dessa disciplina, sem ajuda dos livros ou dos apontamentos.

Este método de estudo também inclui testes semanais para que o aluno vá acompanhando o seu progresso. Estes testes devem englobar os conteúdos que foram estudados ao longo da semana apenas.

À medida que o ano escolar vai avançando, deve refazer-se testes mais antigos para manter a matéria estudada sempre “viva” na memória.

Como colocar na prática?

  • Crie um cronograma – Defina as disciplinas que o aluno deve abordar em cada um dos dias e crie um horário de estudo, incluindo sempre tempo para atividades de lazer e desporto.
  • Defina as sessões de estudo – Cada sessão contempla apenas uma disciplina e entre sessões devemos incluir pausas curtas para otimizar o desempenho do aluno. Não coloque duas disciplinas muito semelhantes em sessões de estudo seguidas.
  • Tempo de estudo – Cada sessão de estudo deve ter entre 25 e 30 minutos. Ou seja, o aluno vai estudar cada disciplina apenas por 30 minutos.

Quais as técnicas e métodos de estudo mais eficazes?

Os métodos de estudo apresentados anteriormente são considerados os mais eficazes, mas vale sempre lembrar que cada pessoa tem as suas particularidades e estas devem ser sempre consideradas.

Se a maioria dos alunos tem melhores resultados com tempos de estudo mais curtos, a verdade é que existem alguns alunos que não se conseguem adaptar a estes métodos e continuam a ter melhores resultados com sessões mais longas de estudo para cada disciplina.

É fundamental acompanhar o aluno para perceber quais os métodos de estudo que melhor se adaptam a ele.

Além disso, devemos ter em conta algumas técnicas de estudo para colocar em prática, independentemente do método de estudo que escolhemos. A escolha das técnicas a serem usadas depende sempre do tipo de memorização mais desenvolvida do aluno (visual, leitura/escrita, cinestésica e auditiva).

Vejamos!

Mapas mentais

jovens constroem mapa mental

Os mapas mentais são excelentes para os alunos que têm uma boa memória visual. Consiste em criar um diagrama em que o tema principal surge no centro da folha e depois criam-se ramificações com palavras-chave, imagens ou expressões sobre o tema principal.

A utilização de canetas com diferentes cores mostra-se mais eficaz, pois é mais fácil de “fotografar” mentalmente.

Infográficos

Os infográficos também são excelentes para pessoas com memória visual. Embora tenham mais conteúdo escrito do que os mapas mentais, ainda assim são muito visuais e atrativos para o cérebro dos alunos com este tipo de memorização.

Podem ser construídos seguindo uma sequência cronológica ou por ordem hierárquica de importância. É possível, também, incluir imagens, desenhos e símbolos, para que o aluno consiga memorizar ainda melhor.

Fichas informativas

Esta técnica de estudo é excelente para os alunos com memorização de leitura/escrita, assim como para aqueles com memorização visual bem desenvolvida.

Consiste na criação de sínteses esquemáticas do conteúdo relevante em cada matéria. Os dados devem estar bem organizados e devem ser de fácil consulta.

Resumos

aluna faz resumos para estudar

Os resumos são muito populares, mas estes só devem ser priorizados por alunos com o tipo de memorização de leitura/escrita desenvolvida. Pessoas auditivas, por exemplo, não conseguem tão bons resultados com esta técnica de estudo.

Esta consiste em colocar em papel as ideias principais de um tema. Além de ajudarem a memorizar a informação, os resumos também são ótimos para fazer uma revisão.

Leitura/Releitura

Para os alunos com o tipo de memorização de leitura/escrita desenvolvido, a leitura e releitura do conteúdo é uma das técnicas de estudo mais eficazes. A leitura tem de ser feita com foco e atenção, sempre com o objetivo de interiorizar o conteúdo lido.

É importante que o aluno pense no conteúdo que está a ler, assim como deve relacionar diferentes conceitos e factos mentalmente.

Uma boa estratégia é tirar anotações durante a leitura, pois pessoas com este tipo de memorização obtêm excelentes resultados a ler e escrever.

Áudios

Se o aluno tem a memorização auditiva muito desenvolvida, os áudios são a escolha mais adequada para interiorizar os conteúdos. A ideia é que o aluno leia a matéria, crie anotações e depois grave um áudio a explicar a matéria.

Os áudios devem ser curtos e concisos, tal como os resumos. Embora os áudios sejam mais rápidos de fazer e ouvir do que escrever e reler os resumos, o que importa aqui é a quantidade de informação que o cérebro consegue reter. Nesse sentido, não é benéfico incluir explicações muito longas, com informações não essenciais.

Devem fazer-se gravações diferentes para cada tópico da matéria, pois assim vai ser mais fácil encontrar a informação que precisa.

Para interiorizar a matéria, deve ouvir-se os áudios criados várias vezes, pois é a repetição que vai fazer com que o aluno memorize.

Autoexplicação

Esta técnica de estudo também é muito eficaz para pessoas com memorização auditiva desenvolvida, mas também se mostra eficiente para aquelas com memorização cinestésica. Apesar de eficaz, esta deve ser priorizada apenas para as ciências não-exatas.

Peça ao aluno para que ele explique a matéria a si mesmo, sempre em voz alta, simulando ser o professor. É importante que o aluno inclua o significado dos conceitos nas suas explicações.

Testes Práticos

testes da escola

Para os alunos com memorização cinestésica muito desenvolvida, a realização de testes práticos mostra-se muito eficaz, pois simulam uma situação real e, desta forma, a memorização torna-se mais fácil.

Também se mostram eficientes para pessoas com memorização de leitura/escrita, pois, à medida que vão escrevendo, vão decorando a matéria.

Embora os alunos com os outros tipos de memorização não tenham bons resultados em decorar com esta técnica de estudo, é fundamental que treinem também a escrita, pois os exames e testes são feitos dessa forma.

Mnemónicas

As mnemónicas consistem em criar frases ou palavras que nos dão um “impulso” para nos lembrarmos de várias outras palavras. Estas são muito úteis em disciplinas como a química ou a física. Por exemplo:

VRI – Esta mnemónica é usada para a Lei de Ohm. Por se assemelhar ao nome Rui, é fácil de decorar. VRI refere-se à expressão: V=R*i.

Metais alcalinos da primeira colunaHoje Li NaK”ama Robinson CrusFrancês

Metais alcalinos terrosos (segunda coluna)Bela Magali Casou com o Sr BaRata

Pergunta e Resposta

Esta técnica de estudo consiste em fazer perguntas sobre a matéria e responder a cada uma delas. Uma das grandes vantagens é que esta pode ser adaptada a cada tipo de memorização.

Assim, se o aluno tem memorização visual, as respostas devem ser dadas a partir de mapas mentais, gráficos, esquemas e infográficos. Já se o aluno tem memorização auditiva, deve fazer a pergunta e responder em voz alta.

Para os alunos que têm memorização de leitura/escrita, as respostas são dadas em texto, tal como se estivesse num teste ou exame. Já os alunos com memorização cinestésica devem responder oralmente, simulando uma prova oral.

Ferramentas para incluir em métodos de estudo para o ensino secundário

O ensino secundário mostra-se o primeiro grande desafio dos estudantes. Os exames nacionais causam grande tensão entre os adolescentes, pois é o resultado dos mesmos que vai determinar os seus futuros.

É fundamental que os alunos comecem a estudar com foco e determinação desde o início do secundário, pois todos os pontos valem na hora de entrar no curso superior que tanto querem.

Caso se apresentem dificuldades, deve procurar-se a ajuda de um professor ou explicador o quanto antes. Por exemplo, se o aluno tem já uma dificuldade em matemática, não se deve esperar pelo 12º ano para tentar reverter a situação.

Precisa de um explicador? Encontre aqui

Para bons resultados, além dos métodos e técnicas de estudo mais eficazes, os alunos podem beneficiar de várias ferramentas para estudar melhor.

Trello

Trello é uma plataforma fantástica para organizar e acompanhar as diferentes tarefas que temos de realizar. É possível criar diferentes “quadros”, incluindo tarefas específicas para fazer e mudando o “status” de cada tarefa para que o aluno acompanhe a sua progressão.

Asana

Esta plataforma permite criar um calendário de estudos, assim como relacionar diversas atividades e separá-las por temas. A Asana é excelente para fazer uma boa gestão das tarefas e é muito útil para o aluno perceber a sua progressão nos estudos.

Google Drive

Google Drive é já bem conhecido de todos, mas o que poucos sabem é que pode ser uma ótima ferramenta para estudar. Incluindo as matérias a estudar em pastas no Google Drive, é possível aceder à informação em qualquer parte, sempre que o aluno desejar.

Pomodoro timer

pomodoro timer é um cronómetro que inclui pausas. É excelente para aplicar os métodos de estudo que apresentámos antes. É possível personalizar os tempos e o timer vai avisar sempre que uma sessão deve terminar e começar.

SimpleMind

SimpleMind é excelente para a criação de mapas mentais. Ao contrário das folhas em papel, com esta aplicação conseguimos realizar mapas mentais grandes, criando caminhos e subcaminhos diversos.

Seguindo tudo o que lhe fomos mostrando ao longo deste artigo, vai conseguir ajudar o seu filho ou aluno a progredir nos seus estudos. Escolher métodos de estudo adequados, assim como adaptá-los com técnicas de estudo relevantes, e fazer uso de ferramentas úteis, vai tornar os resultados alcançáveis.

Sara Paiva
Socióloga de formação, Copywriter de paixão. Sou uma apaixonada por literatura (e pelas artes em geral), o que me levou a seguir uma carreira na área da escrita. Desenvolvo conteúdos para o Toma Conta com o objetivo de ajudar os utilizadores a obterem a melhor informação possível.

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Technical SEO, UX Writer e Copywriter. Adoro ler e escrever; não dispenso um bom livro e um bom filme. Sensível à forma como a Internet pode facilitar o nosso dia a dia, escrevo no Toma Conta para ajudar os/as leitores/leitoras a obter informação fidedigna e atualizada sobre tarefas e serviços de apoio ao domicílio.

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Susana Valente

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Escrevo conteúdos para a web há mais de 20 anos como jornalista e copywriter. Adoro explorar montes e vales por esse país fora. Detesto fazer mudanças e adoro correr à beira-mar. Tenho veia de poeta, sou mãe e uma verdadeira mulher dos sete ofícios!

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